terça-feira, 28 de dezembro de 2010


ENTREVISTA-BOMBA DE FRANKLIN 

MARTINS
No entreato de Natal e Ano Novo, com a turma ainda se recuperando da ressaca natalina, o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, concedeu uma daquelas entrevistas que a imprensa costuma dizer ?bombásticas?. Pena que a audiência deva ter sido pequena. Kennedy Alencar, em seu ?É Notícia?, da Rede TV, deu ao ministro uma chance de falar o que o resto das televisões lhe negou nos últimos quatro anos, desde que assumiu a pasta.
Devido ao amadorismo da Rede TV ? que, no meio da manhã de segunda-feira, 27 de dezembro, está com seu site fora do ar ?, o blogueiro se vê obrigado a escrever ?de cabeça? sobre o que assistiu. Mas, assim que possível, o vídeo da entrevista será divulgado, de forma que seja possível ao leitor conferir a quantas anda a memória deste que escreve.
Em verdade, não será tão difícil porque a parte ?bombástica? da entrevista não foi tão longa assim. Versou sobre a suposição de Globo, Folha, Estadão, Veja e companhia sobre existência de intenções governamentais de ?censurar a imprensa? e sobre a relação do governo Lula com ela.
Note-se que o ministro foi extremamente hábil, pois reconheceu méritos no governo FHC e em seu titular pela estabilização da moeda sem deixar de dizer exatamente em que ponto ele se perdeu ? na falta de um espírito desenvolvimentista e social e na adoção dos cânones neoliberais em geral, do que resultou a privataria. E apesar de dizer que o mensalão não passou de caixa-dois, fez a necessária crítica ao PT de que ?ver uma devassa saindo de um prostíbulo não choca, mas ver uma freirinha saindo, é chocante?.
Na parte sobre regulação da mídia, Martins deixou muito claro que o tipo de regulação que se quer fazer é exatamente o mesmo que existe em qualquer grande democracia. Explicou a sinuca de bico em que a parcela da mídia supracitada se encontra por ter que combater a regulamentação e ao mesmo tempo almejá-la para que seja protegida das ?teles?, ou seja, das multinacionais de telecomunicações que ameaçam esmagar o PIG com um poderio econômico muito acima do que detém a radiodifusão nacional.
Acima de tudo, nessa questão, o ministro da Comunicação Social deu um recadinho a jornais que acusou de terem servido à ditadura militar: ?Não venham nos dar aulas de democracia?.
Mas a coisa pegou fogo mesmo quando a entrevista enveredou pelas relações do governo com a mídia corporativa. Martins acusou, nominalmente, Folha, Estadão, Globo e outros de fazerem uma jogada com a oposição tucano-pefelê: ?Um levanta e o outro corta?, pontuou o ministro com todas as letras.
E não ficou por aí?
Ao exemplificar o partidarismo midiático, Martins abordou, primeiro, a questão da ?bolinha de papel?, lembrando que a Globo, com o peso de sua ?credibilidade? ? palavra que proferiu em tom irônico ?, veiculou uma reportagem de sete longos minutos bancando a versão de José Serra de que teria sido atingido por um segundo objeto, sustentando-a com um laudo fajuto que, na madrugada que se seguiu àquela edição do Jornal Nacional, foi ?desmontado pela blogosfera?.
Como se não bastasse, citou, nominalmente, a Folha de São Paulo e a ficha falsa de Dilma, ponderando com o entrevistador o absurdo de um jornal como aquele publicar uma ?falsificação contra um candidato? amparando-se na justificativa mambembe de que não podia confirmar ou negar sua veracidade, concluindo que, dessa maneira, o jornal deixa ver que publica qualquer coisa que lhe chegue às mãos contra adversários políticos.
Esta é a síntese da mais dura crítica ao PIG que alguém do governo fez publicamente em oito anos de mandato do atual presidente. Resta lamentar que assuntos dessa relevância e opiniões tão sonegadas ao público pela grande mídia durante oito anos tenham vindo à tona em um programa que avançou pela madrugada de domingo para segunda em uma época de festas em que ninguém assiste a esse tipo de programa.
Fonte: http://www.blogcidadania.com.br‏
 Enviado por Rui Nascimento



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