
Marta Nogueirario, Jornal do Brasil
O ex-ministro da Fazenda Delfim Netto disse segunda-feira que o pacote de socorro deve ser suficiente para acalmar os mercados financeiros em relação ao temor de ocorrência de default soberano naquele continente. “É um volume de recursos expressivo, que na prática quer dizer: a dívida dos países (com problemas fiscais) é de US$ 1 trilhão e com o pacote de US$ 1 trilhão quer dizer: 'pode vir, que tem dinheiro para quem precisar', destacou.
– Nos anos 90, países em crise como México (1995) e Argentina (2001) não tiveram ajuda desta forma. O FMI esperava a economia dos países estourar para oferecer socorro – lembra o professor da FEA/USP Celso Grise.
Ele ressalta que ainda não foi apresentada uma estratégia de aplicação do pacote. “A intenção dos órgãos financeiros foi apenas mostrar que há recursos, acalmar o mercado mundial e frear o efeito dominó. Com isso, a Europa para de afundar e o problema fica estancado na Grécia”, observa.
No caso da Grécia, o euro flutua livremente em relação ao dólar. “Mas a moeda é o euro, única do bloco. Existe um vínculo entre os países que, em um momento como este, prejudica a todos”, disse Gonçalves, acrescentando que a fuga de investimentos foi ainda mais rápida e as causas poderiam ser ainda mais danosas.
Gonçalves lembra que há 15 anos já havia céticos em relação ao euro e agora este problema vem à tona. Para ele, este pacote vem como forma de minimizar o problema, mas não solucionar.
O professor de macroeconomia da FEA/USP Carlos Eduardo Soares Gonçalves lembra que o problema da Grécia foi não conseguir conter os excessos. “A dívida pública foi aumentando, o crescimento da economia foi prejudicado até que os analistas chegaram à conclusão de que as dívidas não poderiam ser quitadas”, conta.
Em 2001, conforme lembra Soares Gonçalves, a Argentina declarou moratória de sua dívida e, com isso, afetou seriamente a economia brasileira, um dos principais parceiros comerciais. “Mesmo com toda essa ajuda, ninguém pode garantir que a Grécia vai fazer os ajustes fiscais necessários”, defende o professor.
Fonte: Jornal do Brasil
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