NOVA FASE DO MINHA CASA
INICIA SEM OS MAIS POBRES
Promessa de campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff, a
terceira etapa do Minha Casa Minha Vida saiu do papel neste mês, um ano
depois do início do segundo mandato da petista, mas deixou de fora a
população que mais precisa do programa de habitação popular. As
contratações com as novas regras da terceira fase só começaram para as
chamadas faixas 2 e 3 do MCMV, famílias com renda mensal de até R$ 3,6
mil e R$ 6,5 mil, respectivamente.
Por causa da frustração
de recursos, não há previsão oficial de quando começarão as
contratações para as famílias que ganham até R$ 1,8 mil por mês,
pertencentes à chamada faixa 1 do programa. Para esse público, o
subsídio - com recursos do Orçamento Geral da União (OGU) - pode chegar
até 95% do valor do imóvel.
A promessa de construção de 3
milhões de moradias no segundo mandato foi usada durante a campanha
eleitoral, mas o lançamento do programa foi adiado várias vezes,
principalmente por causa do ajuste fiscal em curso. O orçamento de 2016
do programa caiu de R$ 15,5 bilhões para R$ 6,9 bilhões.
O
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ligado à Presidência
da República, estima que, para resolver o problema da falta de habitação
digna no País, seria preciso construir 5,24 milhões de residências. Já
se admite, nos bastidores, que o governo não cumprirá a promessa de
construir 3 milhões de residências até 2018.
Nova faixa
A
grande novidade da terceira etapa do MCMV, a criação de uma faixa
intermediária, também está emperrada e não apenas pela frustração de
receitas. Falta uma regulamentação do Ministério das Cidades, que ainda
trabalha na maneira como se dará a seleção das famílias, pelas
prefeituras ou construtoras. Segundo as regras do programa, a faixa 1,5
contempla famílias com renda mensal de até R$ 2.350. Esse público terá
um desconto de até R$ 45 mil por moradia, de acordo com a localidade e a
renda. Além disso, pagará 5% ao ano no financiamento pelas modalidades
SAC (Sistema de Amortização Crescente) ou Tabela Price, num prazo de até
360 meses.
No faixa 1, as prefeituras controlam a lista
dos interessados, que precisam se inscrever de acordo com as regras do
governo federal. As administrações municipais usam essa lista como
"trunfo político".
A ideia do Ministério das Cidades era
que se criasse um cadastro único para que os próprios beneficiários do
programa pudessem se inscrever e acompanhar as etapas de seleção, sem o
controle das prefeituras. As famílias que se enquadrassem na faixa 1,5
poderiam obter uma espécie de "carta de crédito" para ser usada. No
entanto, esse cadastro ainda não foi criado. Além disso, há preocupação
do mercado com a análise de risco dessas famílias, uma vez que elas
contratarão um financiamento. No faixa 1, é possível até mesmo que
contemplados com nome sujo tenham direito à casa.
Outro
empecilho para tirar o faixa 1,5 do papel diz respeito à contrapartida
do Tesouro Nacional nesses financiamentos. O FGTS ficaria com 82,5% dos
subsídios e o Tesouro com os outros 17,5%. O governo deixava o fundo
arcar com a totalidade dos subsídios e saldava a dívida depois. No
entanto, a prática, também considerada "pedalada fiscal", foi condenada
pelo Tribunal de Contas da União (TCU). O governo não quer repetir o
mesmo erro.
No MCMV 3, o governo aumentou o valor dos
imóveis que podem ser financiados nas faixas 2 e 3 - para o intervalo
entre R$ 90 mil e R$ 225 mil, de acordo com a localidade. Também teve
aumento nas taxas de juros dos financiamentos das faixas 2 e 3 que são
pagos pelas famílias. Beneficiários com renda de até R$ 2,7 mil terão
juros de 6% ao ano. Os com renda de até R$ 3,6 mil, 7%. Na faixa 3, até
R$ 6,5 mil de renda, os juros anuais serão de 8%.
No
anúncio das condições da terceira fase, em setembro de 2015, o governo
também divulgou aumento no valor das prestações que os beneficiários da
faixa 1 precisam pagar. Nas outras duas etapas, era de, no mínimo, 5% da
renda. Na terceira etapa, as famílias com renda de até R$ 800 pagarão
parcela de R$ 80; entre R$ 800 e R$ 1,2 mil, o valor será correspondente
a 10% da renda; de R$ 1,2 mil a R$ 1,6 mil, de 15%; e de R$ 1,6 mil a
R$ 1,8 mil, de 20%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: UOL Economia
Por Murilo Rodrigues Alves
Por Murilo Rodrigues Alves
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