quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

 SAIBA COMO INVESTIR EM FUNDOS 

CAMBIAIS E APOSTAR DO DÓLAR


O dólar virou tema de conversa de botequim no Brasil depois do salto que deu em 2015. Foi disparada a aplicação mais rentável do ano passado: 48,9%. A tradicional caderneta de poupança, apenas como efeito de comparação, cravou 8,07%. E isto contra uma inflação oficial de 10,67% (IPCA). Quer dizer, quem depositou em caderneta perdeu dinheiro descontada a inflação, situação muito diferente de quem apostou no dólar.

O início deste ano deixou também muita gente com a pulga atrás da orelha, perguntando-se o óbvio: será que com toda essa confusão política e com a economia patinando, não vale a pena apostar no dólar? É o tipo de pergunta difícil de ser respondido, pois envolve o tamanho de seu apetite para o risco. Em bom português, se você topa a parada de ganhar muito, ou perder muito, se for o caso. Uma alternativa interessante para esses investidores é o chamado fundo cambial, que tem ganhado musculatura e adeptos nos últimos anos.

Fundo cambial nada mais é que um fundo de investimentos brasileiro, que tem a obrigação legal de investir no mínimo 80% do dinheiro arrecadado (patrimônio) em dólar, ou em ativos que representem a variação da moeda americana. Na prática é como se você, investidor, depositasse suas economias nesses fundos e não se preocupasse com a variação do dólar, pois ele vai acompanhar o sobe-e-desce. Detalhe: como estão colados ao dólar, esses fundos também foram campeões de rentabilidade no ano passado.

A bula

O gerente executivo de fundos multimercado da BBDTVM do Banco do Brasil, Marcelo Marques Pacheco, explica que há algumas vantagens nesses fundos, cujo interesse pode ser o do mero investidor que topa o risco, mas também aquele que tem algum compromisso em dólar no futuro. Nesse último caso, a referência pode ser uma viagem programada ao exterior, ou mesmo uma fatura a ser paga em dólar por um microempresário. “A vantagem, em ambos os casos, é que você pode fazer este investimento pausadamente, de acordo com a sua conveniência, com segurança e liquidez. Isto é, pode desistir quando desejar”, afirma Pacheco.

Baseado no sistema de quotas, há alguns detalhes importantes para quem pretende apostar em fundos cambiais. Praticamente quase todos os grandes bancos de varejo oferecem esse produto, porém existem diferenças significativas entre a aplicação mínima exigida e a taxa de administração, que é quanto o banco cobra para administrar o seu dinheiro.

Uma das mais baixas aplicações exigidas para os fundos cambiais é justamente do Banco do Brasil (BB), de R$ 1.000,00. Mas há opções que vão a partir de R$ 5 mil até R$ 10 mil, dependendo do banco. As taxas de administração também são importantes porque comem uma parcela do rendimento. Quanto maior a taxa de administração, teoricamente menor o seu rendimento no final. As menores taxas giram em torno de 1,5% ao ano, mas podem chegar até 3%, 4% ou mais.

Imposto de Renda

A parte do Leão também não pode ser desprezada. O fundo cambial também está sujeito a uma tabela comum de Imposto de Renda, que varre todos os fundos, inclusive os de renda fixa, e o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Em relação a este último, a tabela é decrescente para um período de 30 dias. Isto quer dizer que se você aplicar hoje e quiser resgatar amanhã, pagará um IOF bem alto. A alíquota vai caindo até que zera no 30º dia. A dica é manter o investimento por pelo menos 30 dias e escapar desse imposto.

Uma dúvida comum a quem vai aplicar é se vale de fato a pena. Afinal de contas, há aplicação mínima, taxa de administração, Imposto de Renda sobre o ganho e o tal IOF. Não seria mais prático comprar dólar em espécie e fugir dessa lista? Os especialistas dizem que não por dois motivos: a segurança (afinal, guardar dólares debaixo do colchão não é seguro), e o fato de que você pode investir em reais, que estão colados na oscilação do dólar. “Dá para se programar, fazer de forma periódica e constante. Educação financeira tendo sempre em mente que você pode ganhar ou perder”, diz Pacheco, da BB DTVM.

O dólar vai subir ou cair nesse ano?

O relatório Focus do Banco Central, que faz uma pesquisa semanal com todos os bancos e analistas mais relevantes do mercado, prevê um dólar para o final de 2016 de R$ 4,25. Nesta quarta-feira 13, a moeda fechou cotada a R$ 4,0102. Mas o Focus erra, e muito. Ou, como dizem os economistas, vão ajustando as suas análises ao longo do ano.

No primeiro relatório Focus de 2015, a previsão de mercado era que a moeda americana cravasse ao fim do ano passado R$ 2,80. Fechou roçando a casa dos R$ 4,00. E só não foi além porque o Banco Central (BC) enxugou gelo durante o ano com os leilões de swap cambial, uma forma de impedir que o dólar saísse de controle.

Economistas e analistas de mercado dão duas pistas para se farejar o futuro do dólar com base em rastros passados: cenário político-econômico interno e China. A recente valorização da moeda americana em relação ao real está muito ligada às marolas econômicas no Brasil. Nesse sentido, o andamento do pedido de impeachment da presidente Dilma e a velocidade para a retomada da economia são fundamentais na análise. Quanto mais rápido um desfecho para esses problemas, menos volatilidade para o dólar.

A China, ainda segundo analistas, é um caso a parte por ser hoje o grande imã de importações do mundo. A segunda maior economia do planeta está em um gradual processo de desaceleração da sua economia. Sai de cena os crescimentos robustos de mais de 10% ao ano do início da década passada, para crescimentos menores, algo entre 6 a 7% ao ano.

Como o comércio bilateral do Brasil com a China é forte, exportamos sobretudo minério de ferro e petróleo, se os chineses comprarem menos daqui, isto significa menos dólares entrando no Brasil. E aí vale a lei da oferta e da procura, ou seja, quando há oferta os preços caem, e o contrário quando falta.

 Fonte: Isto É Dinheiro 
Por Carlos Dias

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