SAIBA COMO INVESTIR EM FUNDOS
CAMBIAIS E APOSTAR DO DÓLAR
O dólar virou tema de conversa de botequim no Brasil depois do salto
que deu em 2015. Foi disparada a aplicação mais rentável do ano passado:
48,9%. A tradicional caderneta de poupança, apenas como efeito de
comparação, cravou 8,07%. E isto contra uma inflação oficial de 10,67%
(IPCA). Quer dizer, quem depositou em caderneta perdeu dinheiro
descontada a inflação, situação muito diferente de quem apostou no
dólar.
O início deste ano deixou também muita gente com a pulga
atrás da orelha, perguntando-se o óbvio: será que com toda essa confusão
política e com a economia patinando, não vale a pena apostar no dólar? É
o tipo de pergunta difícil de ser respondido, pois envolve o tamanho de
seu apetite para o risco. Em bom português, se você topa a parada de
ganhar muito, ou perder muito, se for o caso. Uma alternativa
interessante para esses investidores é o chamado fundo cambial, que tem
ganhado musculatura e adeptos nos últimos anos.
Fundo cambial nada
mais é que um fundo de investimentos brasileiro, que tem a obrigação
legal de investir no mínimo 80% do dinheiro arrecadado (patrimônio) em
dólar, ou em ativos que representem a variação da moeda americana. Na
prática é como se você, investidor, depositasse suas economias nesses
fundos e não se preocupasse com a variação do dólar, pois ele vai
acompanhar o sobe-e-desce. Detalhe: como estão colados ao dólar, esses
fundos também foram campeões de rentabilidade no ano passado.
A bula
O
gerente executivo de fundos multimercado da BBDTVM do Banco do Brasil,
Marcelo Marques Pacheco, explica que há algumas vantagens nesses fundos,
cujo interesse pode ser o do mero investidor que topa o risco, mas
também aquele que tem algum compromisso em dólar no futuro. Nesse último
caso, a referência pode ser uma viagem programada ao exterior, ou mesmo
uma fatura a ser paga em dólar por um microempresário. “A vantagem, em
ambos os casos, é que você pode fazer este investimento pausadamente, de
acordo com a sua conveniência, com segurança e liquidez. Isto é, pode
desistir quando desejar”, afirma Pacheco.
Baseado no sistema de
quotas, há alguns detalhes importantes para quem pretende apostar em
fundos cambiais. Praticamente quase todos os grandes bancos de varejo
oferecem esse produto, porém existem diferenças significativas entre a
aplicação mínima exigida e a taxa de administração, que é quanto o banco
cobra para administrar o seu dinheiro.
Uma das mais baixas
aplicações exigidas para os fundos cambiais é justamente do Banco do
Brasil (BB), de R$ 1.000,00. Mas há opções que vão a partir de R$ 5 mil
até R$ 10 mil, dependendo do banco. As taxas de administração também são
importantes porque comem uma parcela do rendimento. Quanto maior a taxa
de administração, teoricamente menor o seu rendimento no final. As
menores taxas giram em torno de 1,5% ao ano, mas podem chegar até 3%, 4%
ou mais.
Imposto de Renda
A parte do Leão
também não pode ser desprezada. O fundo cambial também está sujeito a
uma tabela comum de Imposto de Renda, que varre todos os fundos,
inclusive os de renda fixa, e o Imposto sobre Operações Financeiras
(IOF). Em relação a este último, a tabela é decrescente para um período
de 30 dias. Isto quer dizer que se você aplicar hoje e quiser resgatar
amanhã, pagará um IOF bem alto. A alíquota vai caindo até que zera no
30º dia. A dica é manter o investimento por pelo menos 30 dias e escapar
desse imposto.
Uma dúvida comum a quem vai aplicar é se vale de
fato a pena. Afinal de contas, há aplicação mínima, taxa de
administração, Imposto de Renda sobre o ganho e o tal IOF. Não seria
mais prático comprar dólar em espécie e fugir dessa lista? Os
especialistas dizem que não por dois motivos: a segurança (afinal,
guardar dólares debaixo do colchão não é seguro), e o fato de que você
pode investir em reais, que estão colados na oscilação do dólar. “Dá
para se programar, fazer de forma periódica e constante. Educação
financeira tendo sempre em mente que você pode ganhar ou perder”, diz
Pacheco, da BB DTVM.
O dólar vai subir ou cair nesse ano?
O
relatório Focus do Banco Central, que faz uma pesquisa semanal com
todos os bancos e analistas mais relevantes do mercado, prevê um dólar
para o final de 2016 de R$ 4,25. Nesta quarta-feira 13, a moeda fechou
cotada a R$ 4,0102. Mas o Focus erra, e muito. Ou, como dizem os
economistas, vão ajustando as suas análises ao longo do ano.
No
primeiro relatório Focus de 2015, a previsão de mercado era que a moeda
americana cravasse ao fim do ano passado R$ 2,80. Fechou roçando a casa
dos R$ 4,00. E só não foi além porque o Banco Central (BC) enxugou gelo
durante o ano com os leilões de swap cambial, uma forma de impedir que o
dólar saísse de controle.
Economistas e analistas de mercado dão
duas pistas para se farejar o futuro do dólar com base em rastros
passados: cenário político-econômico interno e China. A recente
valorização da moeda americana em relação ao real está muito ligada às
marolas econômicas no Brasil. Nesse sentido, o andamento do pedido de
impeachment da presidente Dilma e a velocidade para a retomada da
economia são fundamentais na análise. Quanto mais rápido um desfecho
para esses problemas, menos volatilidade para o dólar.
A China,
ainda segundo analistas, é um caso a parte por ser hoje o grande imã de
importações do mundo. A segunda maior economia do planeta está em um
gradual processo de desaceleração da sua economia. Sai de cena os
crescimentos robustos de mais de 10% ao ano do início da década passada,
para crescimentos menores, algo entre 6 a 7% ao ano.
Como o
comércio bilateral do Brasil com a China é forte, exportamos sobretudo
minério de ferro e petróleo, se os chineses comprarem menos daqui, isto
significa menos dólares entrando no Brasil. E aí vale a lei da oferta e
da procura, ou seja, quando há oferta os preços caem, e o contrário
quando falta.
Fonte: Isto É Dinheiro
Por Carlos Dias
Nenhum comentário :
Postar um comentário