sexta-feira, 15 de novembro de 2013

 DESAFIOS DO CRESCIMENTO


O Brasil e a China tendem a compartilhar de um mesmo risco: não conseguir se transformar em um país rico, ou seja, continuar sustentando o título de países de renda média. Para sair aparente dessa armadilha é preciso, segundo Zheng Bingwen, diretor do Instituto de Estudos da América Latina da Academia de Ciências Sociais da China (Ilas/CASS), promover mudanças políticas e institucionais complexas e mais impactantes em termos tecnológicos. Dados do Banco Mundial apontam que, de um total de 101 países que registravam renda média em 1960, apenas 13 se tronaram economias de alta renda em 2008. Em linhas gerais, nações desenvolvidas possuem ganhos de produtividade graças à transferência de trabalhadores de atividades menos produtivas, como a agricultura tradicional, à indústria. Nesse processo, tais países importam tecnologias padronizadas e conseguem competir internacionalmente, exportando produtos intensivos em mão de obra.
 

“Ao se aproximar da renda média, entretanto, os fatores responsáveis por esse crescimento começam a se esgotar, e a expansão passa a depender de novos ganhos de produtividade, em setores que demandam mais capacitação e desenvolvimento de tecnologia”, diz Fernando Veloso, economista da FGV/IBRE. Ou seja, os desafios mudam, e nem sempre essas economias conseguem responder à altura. Para os pesquisadores, uma transição bem-sucedida de Brasil e China para uma economia de renda alta passa por várias mudanças em inúmeros segmentos, entre eles, comércio exterior, educação, previdências, inovação, sistema financeiro, meio ambiente e desigualdade social.
 

Otaviano Canuto, consultor do Banco Mundial, concorda com os analistas e completa: “uma economia não poderá transitar de níveis médios para altos se ela não tiver clima de negócios, baixos custos de transação, além de um sistema financeiro desenvolvido que ofereça formas de financiamento das atividades inovativas. Quando se fala em inovação, falamos de um processo de aprendizado que permeia todo o aparelho produtivo, adaptações organizacionais, de processos, de produtos, características de mercado locais”, diz.
 

A FGV/IBRE e o Ilas/CASS estudaram o tema e reuniram suas pesquisas no livro Armadilha da Renda média – visões do Brasil e da China, obra que será lançada no dia 22 de novembro, em seminário na sede da FGV sobre o mesmo tema, com a presença de especialistas chineses. 

Fonte: Portalibre FGV 

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