NOTA DE ESCLARECIMENTO
A declaração da governadora Rosalba Ciarlini, publicada hoje em
jornais potiguares, na qual afirma que o Tribunal de Justiça e o
Ministério Público agem “como filhos sem mesada”, é desrespeitosa,
inoportuna e inconstitucional. É inadmissível que o Executivo se projete
como tutor, ou se compare a uma mãe que deve “mesada” aos filhos,
relegando aos demais poderes uma postura subserviente. O Poder
Judiciário é, conforme a Constituição Federal, autônomo, independente e
livre da tutela de qualquer governante.
O Tribunal de Justiça também considera uma alegoria inadequada
afirmar que “acontece com o orçamento como se passa em nossas casas”.
Não há apropriamento privado. Não há solicitação de repasse inapropriado
ou indevido. Os repasses relativos ao duodécimo são constitucionais,
definidos pelo Artigo 168 da Constituição Federal. No entanto, esta
obrigação constitucional vem sendo, reiteradas vezes, ignorada pelo
Poder Executivo do RN.
É importante esclarecer que desde o início das discussões em
torno das dificuldades orçamentárias expostas pelo Governo do Estado, o
Tribunal de Justiça jamais se negou ao diálogo. No entanto, o corte
feito pelo decreto governamental atinge significativamente o custeio e
os investimentos do TJRN. Para efeito de comparação, o Supremo Tribunal
Federal (STF), que participou do esforço da União no contingenciamento
de verbas para a garantia do superávit primário, teve 0,5% de seu
orçamento cortado pelo Governo Federal, ou seja, R$ 2,5 milhões,
enquanto o TJ potiguar sofreu um corte de R$ 80 milhões.
A medida do Governo do RN está fora do limite aceitável para
assegurar a prestação jurisdicional à população e os investimentos em
curso, a exemplo da implantação do Processo Judicial Eletrônico (Pje) e
dos mutirões como o Expresso Judiciário e o Mutirão da Improbidade, que
vêm acelerando julgamentos em todo o Estado.
O TJRN entende as dificuldades financeiras enfrentadas pelo
Poder Executivo. Porém, não pode admitir que elas sejam motivadoras da
paralisação dos serviços da Justiça, essenciais à garantia dos direitos
da população norte-rio-grandense
Aderson Silvino
Aderson Silvino
Presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte
Fonte: Portal do Judiciário
Nenhum comentário :
Postar um comentário