quinta-feira, 6 de novembro de 2014

LULA SE REÚNE COM SENADORES 
 
PETISTAS PARA DISCUTIR 
 
ESTRATÉGIAS CONTRA 
 
 OPOSIÇÃO 
 

Um dia depois do senador Aécio Neves (PSDB), na sua volta ao Congresso, fazer um discurso firme de oposição contra o governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se nesta quinta-feira com 15 senadores petistas, em São Paulo. O grupo discutiu estratégias para enfrentar a mobilização do senador tucano, que se articula para ser o líder da oposição no Senado.

A reunião foi convocada a pedido do ex-presidente e apenas Jorge Viana, por motivo de viagem, não esteve presente. Além dos 12 senadores atuais, os eleitos Paulo Rocha (Pará), Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte) e Maria Regina Souza (suplente de Wellington Dias, eleito governador do Piauí) também participaram do encontro com Lula.

Além de Aécio Neves, Dilma terá ainda como oposição no Senado os recém-eleitos José Serra (SP), Tasso Jereissati (CE) e Antonio Anastasia (MG). A reunião começou às 10 horas e terminou por volta das 14 horas, em um hotel da zona sul da capital paulista. Ao contrário do primeiro mandato de Dilma Rousseff, Lula está mais atuante e nesta semana já participou de uma reunião com a presidente, para discutir a reforma ministerial para o segundo mandato.

O senador Humberto Costa (PE), líder do PT no Senado, foi escalado como porta-voz do encontro e disse ao final da reunião que os senadores fizeram um balanço das eleições em seus estados.

— Os senadores do partido traçaram um cenário da estratégia de cada um para a defesa do governo Dilma no Senado. A nossa avaliação é de perspectivas boas para o novo governo. Tivemos uma grande vitória. Derrotamos não apenas Aécio Neves, mas todos os candidatos que se aliaram a ele e também setores da mídia que tentaram influenciar o processo eleitoral. Então, nossa expectativa é de termos um governo bastante legitimado e que vai ampliar o dialogo político —disse Humberto Costa.

Segundo o presidente nacional do PT, Rui Falcão, que acompanhou a reunião dos senadores, foi o próprio ex-presidente Lula quem convocou os senadores petistas.

— O presidente Lula quer ouvir as pessoas. Ele teve uma reunião muito animadora com a própria presidenta Dilma. Ela já demonstrou que quer ampliar o diálogo. Tivemos uma grande vitória, restabelecemos laços com os movimentos sociais e Lula teve oportunidade de ouvir cada um dos senadores sobre seus projetos para o futuro — disse Rui Falcão.

Humberto Costa disse que a bancada do PT no Senado está se preparando para fazer o “enfrentamento” com a oposição.

— Nós entendemos que do ponto de vista quantitativo não tivemos perdas no Senado. Queremos consolidar o relacionamento da bancada de apoio ao governo. Naturalmente que a oposição se qualificou mais no Senado. Isso vai tornar o debate mais rico, mais duro. Por outro lado abre a possibilidade de negociação em torno de propostas. Mas vamos nos preparar melhor para esse enfrentamento e abrir um diálogo melhor no Congresso — disse o líder petista.

Costa disse que não foi tratado no encontro a indicação de nomes para a formação do novo ministério de Dilma.

— Dilma já disse que quer ampliar o diálogo e está fazendo vários gestos. Já recebeu dirigentes dos partidos e hoje teremos uma confraternização com ela — disse Costa.

O presidente do PT disse que a operação Lava-Jato não foi discutida na reunião com Lula, embora o tema esteja desgastando o partido “injustamente”.

— Existe um processo de delação premiada cujo teor é desconhecido por nós. Já fui duas vezes ao STF para conhecer o processo, fui ao Procurador Geral da República solicitando acesso para saber se tinha algo contra o PT, porque se tiver vamos aplicar o estatuto — disse Falcão, afirmando que o partido deseja “afastar a pecha de corrupção” que a oposição quer lhe impor.

Ao informar que Lula deseja ter um calendário de reuniões mais frequentes com as bancadas no Congresso, Falcão desconversou se esse empenho do ex-presidente significa que ele está de olho numa candidatura a presidente em 2018.

— Não falamos sobre 2018. Nossa atenção está voltada para o governo que toma posse agora no dia 1º de janeiro.

Sobre a divida dos diretórios estaduais do PT nas campanhas eleitorais deste ano, avaliada em R$ 60 milhões, Rui Falcão disse que todas as dívidas serão pagas e que os credores serão procurados para um reescalonamento.

— Estamos em contato com os credores e todos serão pagos— disse Falcão.

Na noite desta quinta-feira, todos os políticos petistas eleitos em outubro, de senadores a governadores, participam de um encontro com a presidente numa confraternização em Brasília.

Fonte: O Globo
Por Germano Oliveira


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