MANTEGA PREVÊ AJUSTE COM
CORTES EM DESPESAS E
SUBSÍDIOS FINANCEIROS
O ministro da Fazenda,
Guido Mantega, disse hoje que o segundo mandato da presidente Dilma
Rousseff, do qual não participará, terá ajustes. “A estratégia econômica
para iniciarmos esse novo ciclo é um ajuste tanto na política fiscal
quanto monetária. Agora temos pela frente o desafio de fazer a transição
pós-políticas anticíclicas”, afirmou.
Segundo o ministro, o governo terá que fazer uma consolidação fiscal e
não criará novos estímulos, a fim de obter para um aumento gradual do
superávit primário em relação ao que foi conseguido em 2014, ano que
caminha para ter a menor marca histórica de economia do governo. Para
isso, disse, a União terá de reduzir despesas que estão crescendo, como
seguro-desemprego, abono, auxílio-doença. Segundo ele, essas três
despesas representam gastos de cerca de R$ 70 bilhões ao ano. “A pensão
por morte também deve ser reformatada, uma despesa de R$ 90 bilhões. Nos
próximos anos, precisamos que essas despesas estejam em declínio e
temos também que recuperar receitas”, afirmou em seminário sobre
política fiscal realizado na FGV, em São Paulo.
BNDES
Além do corte de despesas, o ajuste fiscal em 2015 deve se basear
também em redução dos subsídios financeiros, afirmou Mantega. "Isso
significa dar subsídio menor para empréstimos, como BNDES por exemplo”. O
ministro, porém, não especificou como isso seria feito e nem se poderia
haver aumento da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP, que remunera os
empréstimos do banco), atualmente em 5% ao ano.
Segundo o ministro, a pasta está estudando como e onde serão feitos
os cortes de despesa para reforçar o superávit primário no próximo ano.
Economia fraca
Outra conta que precisa baixar é a inflação. Embora continue a dizer
que a inflação está sob controle, o ministro defendeu uma “convergência
gradual” para o centro da meta, de 4,5%. “O IPCA de outubro (0,42%) foi
menor que o de setembro (0,57%), estamos em boa trajetória”, disse.
Mantega creditou o fraco desempenho econômico deste ano no país a uma
série de fatores. Citou a seca, que elevou os preços dos alimentos e as
tarifas de energia; a Copa do Mundo e o período eleitoral como
acontecimentos que interferiram na economia em 2014, assim como o
impacto da redução dos estímulos monetários do Federal Reserve (Fed,
banco central dos Estados Unidos). “Por isso, o Banco Central fez
política monetária bastante restritiva, que segurou desempenho da
economia”, afirmou, acrescentando à lista a queda na concessão de
crédito às famílias.
Sucessor
O principal desafio do próximo ministro da Fazenda será fazer a
transição de uma política anticíclica para um novo ciclo de crescimento,
em linha com a recuperação da economia mundial, na avaliação do
ministro da Fazenda, Guido Mantega, em coletiva de imprensa após
palestra no Encontro de Política Fiscal, promovido pela FGV Projetos.
O ministro, porém, não quis comentar sobre quem poderia ser indicado
para ser seu sucessor. “Me parece que sou pessoa menos adequada para
responder isso”, disse em meio a risadas.
Segundo Mantega, não é possível discutir qual nome seria mais
adequado porque, até agora, a presidente Dilma Rousseff não mencionou
nenhum possível indicado até agora.
A presidente sinalizou que deve anunciar o nome do novo ocupante da
Fazenda após a reunião do G-20 na Austrália, em meados de novembro.
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