sábado, 8 de novembro de 2014

MANTEGA PREVÊ AJUSTE COM 

CORTES EM DESPESAS E 

SUBSÍDIOS FINANCEIROS


O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje que o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, do qual não participará, terá ajustes. “A estratégia econômica para iniciarmos esse novo ciclo é um ajuste tanto na política fiscal quanto monetária. Agora temos pela frente o desafio de fazer a transição pós-políticas anticíclicas”, afirmou.

Segundo o ministro, o governo terá que fazer uma consolidação fiscal e não criará novos estímulos, a fim de obter para um aumento gradual do superávit primário em relação ao que foi conseguido em 2014, ano que caminha para ter a menor marca histórica de economia do governo. Para isso, disse, a União terá de reduzir despesas que estão crescendo, como seguro-desemprego, abono, auxílio-doença. Segundo ele, essas três despesas representam gastos de cerca de R$ 70 bilhões ao ano. “A pensão por morte também deve ser reformatada, uma despesa de R$ 90 bilhões. Nos próximos anos, precisamos que essas despesas estejam em declínio e temos também que recuperar receitas”, afirmou em seminário sobre política fiscal realizado na FGV, em São Paulo. 

BNDES

Além do corte de despesas, o ajuste fiscal em 2015 deve se basear também em redução dos subsídios financeiros, afirmou Mantega. "Isso significa dar subsídio menor para empréstimos, como BNDES por exemplo”. O ministro, porém, não especificou como isso seria feito e nem se poderia haver aumento da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP, que remunera os empréstimos do banco), atualmente em 5% ao ano.

Segundo o ministro, a pasta está estudando como e onde serão feitos os cortes de despesa para reforçar o superávit primário no próximo ano. 

Economia fraca

Outra conta que precisa baixar é a inflação. Embora continue a dizer que a inflação está sob controle, o ministro defendeu uma “convergência gradual” para o centro da meta, de 4,5%. “O IPCA de outubro (0,42%) foi menor que o de setembro (0,57%), estamos em boa trajetória”, disse.

Mantega creditou o fraco desempenho econômico deste ano no país a uma série de fatores. Citou a seca, que elevou os preços dos alimentos e as tarifas de energia; a Copa do Mundo e o período eleitoral como acontecimentos que interferiram na economia em 2014, assim como o impacto da redução dos estímulos monetários do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos). “Por isso, o Banco Central fez política monetária bastante restritiva, que segurou desempenho da economia”, afirmou, acrescentando à lista a queda na concessão de crédito às famílias. 

Sucessor

O principal desafio do próximo ministro da Fazenda será fazer a transição de uma política anticíclica para um novo ciclo de crescimento, em linha com a recuperação da economia mundial, na avaliação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, em coletiva de imprensa após palestra no Encontro de Política Fiscal, promovido pela FGV Projetos.

O ministro, porém, não quis comentar sobre quem poderia ser indicado para ser seu sucessor. “Me parece que sou pessoa menos adequada para responder isso”, disse em meio a risadas. 

Segundo Mantega, não é possível discutir qual nome seria mais adequado porque, até agora, a presidente Dilma Rousseff não mencionou nenhum possível indicado até agora. 

A presidente sinalizou que deve anunciar o nome do novo ocupante da Fazenda após a reunião do G-20 na Austrália, em meados de novembro.

Fonte: Valor Econômico
Por Tainara Machado e Arícia Martins | Valor

Nenhum comentário :