sexta-feira, 14 de novembro de 2014

 NOS TRILHOS DA INCLUSÃO


Ano que vem poderá representar um importante momento de inflexão para o Brasil, dependendo de como o próximo governo da presidente Dilma Rousseff responder a dois principais desafios. O primeiro é o de realizar correções macroeconômicas suficientes para combater a inflação e recolocar o país no trilho do crescimento. O segundo, e talvez mais complexo, será provar que esse ajuste é compatível com a manutenção – e ampliação – das conquistas registradas em uma década no combate à desigualdade, com a redução da pobreza e a formação da chamada nova “classe média”.

Para resguardar essas conquistas, economistas entrevistados convergem no diagnóstico de que é preciso focar na produtividade da economia, cujo crescimento nos últimos anos esteve abaixo dos salários. Para isso, o país deverá garantir, entre outros fatores, um ambiente atrativo para o investimento, estímulos à inovação, bem como a melhora contínua da oferta educacional, preparando a população jovem para atender a uma demanda de trabalho mais qualificada e, por sua vez, mais bem remunerada.

No campo da produtividade, Silvia Matos, coordenadora técnica do Boletim Macro da FGV/IBRE, defende a priorização de políticas focadas no setor de serviços, atividade responsável por 68% do valor adicionado e 63% do emprego no Brasil. Outro ingrediente da produtividade ao qual o Brasil também terá de se dedicar é a inovação. Carlos Arruda, gerente do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral (FDC), afirma que uma das tarefas para atrair investimentos ao setor será reverter a imagem internacional de que somos um país pouco inovador. “A visão dominante é a de que não temos universidades com reconhecimento internacional e privilegiamos uma orientação básica de mercado. Isso que compromete a posição do país na concorrência para atrair centros de P&D”, diz.

De todas as transformações mencionadas pelos especialistas como fundamentais para garantir a qualidade do crescimento brasileiro, a melhora nos níveis educacionais é a mais transversal. Nesse setor, uma das preocupações é o alto percentual de evasão escolar de jovens de 15 a 17 anos, que chega a 20%, abrangendo 1,5 milhão de potenciais alunos. Segundo Ricardo Paes de Barros, subsecretário de Ações Estratégicas da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE), o risco é o de se desperdiçar o que resta do bônus demográfico. Segundo a SAE, entre 2003 e 2023 o país terá o maior percentual de jovens de 15 a 29 anos em termos relativos, cerca de 50 milhões. “Viver o momento em que o Brasil terá a maior força de trabalho de todos os tempos com um déficit educacional difícil de corrigir, devido a jovens fora da escola, implicará gerar um grupo de adultos que não poderá ser incorporado em uma economia moderna. Isso é grave”, ressalta Paes de Barros.

Fonte: FGV IBRE
Conjuntura Econômica


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