terça-feira, 23 de setembro de 2014

O EXECUTIVO DO NOVO SÉCULO


O setor privado tem uma grande missão a cumprir nos novos tempos e tudo passa pelos seus líderes. Gestão com espiritualidade, conceito que chegou na virada de século, é real divisor de águas entre a abordagem tradicional de gestão e a nova. A gestão com espiritualidade está relacionada à construção de capacitação pessoal e das empresas para alcançar altos níveis de produtividade e lucratividade. Isso é possível por meio da implementação da felicidade sob a égide de “estar para servir”, quando longevidade e lucratividade das empresas se fazem presentes, com alcance da felicidade via projetos de realizações profissionais e pessoais. Falamos de cultura organizacional que torna empresas extremamente bem sucedidas.

Espiritualidade (não confundir com religião, espiritismo ou algo do gênero) é a condição profissional onde todos na empresa trabalham, servindo-se mutuamente. Porque tudo no planeta serve a um propósito especifico e nós, seres humanos partes integrantes do planeta, devemos servir na nossa plenitude. É doação (especialização, experiência, habilidade) na nossa totalidade, alcançando o bem em todos os nossos momentos de vida, no que quer que estejamos dedicando-nos, incluindo desenvolvimento e venda de produtos e serviços.

O conceito “estar para servir” implementado possibilita a empresa atingir sinergia e quase uma catarse. Todas as pessoas se disponibilizam e se doam para o bem da empresa, possibilitando o aumento da produtividade e da lucratividade. Todos ganham. Empresa e colaboradores. As pessoas ficam felizes porque são usadas na plenitude. Lucra a empresa porque está usando toda sua capacidade instalada de capital humano na sua potencialidade máxima.

Neste ambiente, as pessoas não têm medo de participar das discussões e intervir para melhorar a produtividade sempre que necessário. A felicidade é encontrada porque o ser humano estará sendo utilizado na sua capacidade máxima. Não pode ser usado abaixo da capacidade, porque senão se sentirá subutilizado e pedirá demissão. E não pode ser além da capacidade, senão adoece. Em ambos os casos perde-se o capital humano. Há que saber calibrar, e bem, o poder para gerir pessoas, utilizando o ser humano de forma equilibrada. Este é o papel de cada líder neste novo século.

No setor privado encontramos a maior concentração de líderes no mundo. Contabilizando do gerente júnior (já comandando pessoas) até o CEO, temos nesse segmento mais líderes do que nas forças armadas, no governo ou nas religiões. Esta consciência vem crescendo e, esses líderes sendo treinados e preparados para tal, começam a mudar o planeta. Quando servem na plenitude para cima (superiores) para os lados (pares) e para baixo (subordinados), são também servidos na mesma proporção. Há respeito à diversidade. São esquecidas questões ligadas a nacionalidades, credos, cores, sexos, visando receber o melhor de cada um, segundo sua competência.

A felicidade surge naturalmente. Neste momento, estes líderes estão multiplicando felicidade pelo planeta. Porque as pessoas contagiadas por um ambiente organizacional operando sob a égide da felicidade chegam aos seus lares felizes. Transmitem felicidade para familiares, amigos, à sociedade e continuam multiplicando felicidade até atingir os sete bilhões de pessoas vivendo atualmente.

Em sã consciência, ninguém é capaz mais de sozinho abrir portas, com vendas, produzir e entregar produtos e serviços cada dia mais complexos, em mercados cada vez mais exigentes por qualidade e preço. Todos precisam de ajuda. Lembremos ainda de que tais produtos e serviços são dependentes de fabricantes de partes dos mesmos situados em todas as regiões do globo. Chegamos então à era da contribuição, participação, dação de competência, onde todos possam servir para criar e colocar em mercados cada vez mais exóticos produtos e serviços extremamente qualificados a preços competitivos, porque assim a sociedade demanda.

Os responsáveis pela definição e aplicação das estratégias de gestão do capital humano das empresas têm que, obrigatoriamente, se inserir neste contexto moderno de gestão. Executivos não afinados com esta forma de pensar não caberão nas empresas profissionais, vivendo a espiritualidade na sua forma de gerir seus negócios. É Comportamental (Corpo que age – processos, políticas, facilities e tudo o mais que se possa ver ou contatar dentro de uma empresa), Cultural (Alma que governa – crenças, valores, atitudes; parte escondida do iceberg e que precisa ser gerenciada; gestão do intangível) e de Missão e Visão (Espírito que indica o caminho a seguir, manifestando-se na forma de ideias, imaginação, premonição, inspiração ou intuição, facilitadores na definição de estratégias a serem implementadas).

Falo sempre que “escada suja se lava de cima para baixo”. Desta forma, acionistas, conselho de administração, CEOs e demais executivos “C Level” (COO, CSO, CFO, etc.) são responsáveis, do maior ao menor nível hierárquico, por fazer um trabalho de conscientização do topo das organizações para a base, de tal modo que todos os gestores sirvam de multiplicadores deste modelo de gestão voltado para o bem, irradiando esta boa prática em toda a organização, buscando o equilíbrio constante de Espírito (estratégia empresarial), Alma (cultura organizacional) e Corpo (processos, operacionalização) da empresa. Falamos aqui de formação de atitudes e comportamentos de líderes empresariais que obterão resultados, produtos e serviços do bem, conseguindo sustentabilidade planetária através de pessoas bem geridas.

Desta forma, estas condições, que trazem o resultado do bem (resultado da gestão com espiritualidade), extrapolam a empresa, como já disse, desenvolvendo-se em ambientes externos, o que significa que vai além. Subordinados bem tratados levam a boa prática para suas famílias, amigos, sociedade e ambiente planetário. 

É o bem se multiplicando do ambiente interno das empresas para o ambiente global. Não se trata de assistencialismo. Continua-se a demitir, treinar, remunerar diferenciadamente os diferentes e a eliminar zonas de conforto. É a gestão por busca de maiores resultados. Porque funcionário feliz é que rende mais!

A prática da espiritualidade leva a uma maior consciência empresarial, fazendo com que a melhoria das práticas de gestão transforme o sistema organizacional num ambiente ético, repercutindo positivamente nos resultados da empresa. Uma coisa leva a outra. Se a espiritualidade, na forma como aqui coloco (não confundir com religião ou espiritismo), for aplicada em toda a empresa, as práticas serão aperfeiçoadas, a ética estará garantida e os resultados em curto, médio e longo prazo virão com maior facilidade, na forma de lucro bom (aquele que permanece e se repete).

Qualquer pessoa na empresa pode praticar espiritualidade. Basta atitude. Mesmo sendo um Ph.D, se a pessoa não tiver atitude, não trabalhará com espiritualidade. Falamos aqui de desenvolvimento do "homem" (o ser humano enquanto essência). Não basta estudar. Tem que praticar. Esses “homens” espiritualizados, enquanto líderes, criam as condições ambientais para que todas as pessoas trabalhem sem medo, doando toda a sua capacidade profissional e pessoal. E, neste momento, as relações com a comunidade, governos, educadores, clientes, os resultados e a ecologia se interligam em um processo real de sustentabilidade.

Líderes espiritualizados produzem melhores produtos e serviços, com ênfase em melhores relacionamentos internos e externos, o que leva a conquistar clientes fiéis e comprometidos com seus produtos e serviços, gerando resultados melhores. Empresas espiritualizadas cuidam melhor do meio ambiente e da educação. Este é o modelo que vem sendo implantado em todo o mundo corporativo nos setores privados mais desenvolvidos, principalmente nas transnacionais que necessitam ter sua operação funcionando com todos os colaboradores servindo a todos na sua capacidade máxima. É desta forma que o ambiente planetário melhorará. Teremos cada vez mais líderes conscientes, multiplicadores de práticas saudáveis de gestão e de cuidado com o planeta. Porque, no final, se não cuidarmos do planeta ele não cuidará de nós. E ele é mais forte. É importante crermos nesta verdade.

O nível de apreciação ao mais capaz, gerido por espiritualidade, aumenta gradativamente e infinitamente até alcançar a harmonia de seres que se respeitam e se complementam, somando capacidades, uns para os outros, para produzir o bem coletivo na razão direta do merecimento de cada um. Recebe proporcionalmente ao que rende e que precisa. Somos todos produtores (empresas) e consumidores (mercados). Sempre precisaremos uns dos outros para complementar o ciclo de produção e até da vida. Não somos e não podemos mais ser estrelas solitárias. Somos todos uma belíssima constelação, brilhando um caminho para ser trilhado primeiro por aqueles que se sentem em unicidade no planeta e no universo. Depois outros chegarão e continuarão a caminhar. Todos são estrelas que brilham, cada uma a seu tempo, iluminando um porvir que não se apaga. Somos a consciência deste porvir que chega mais rápido agora, neste novo século. É o que se espera deste executivo neste novo século.

Fonte: CartaCapital
  Por Alfredo Assumpção

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