segunda-feira, 15 de setembro de 2014

MIOPIA DE CARLOS AUGUSTO


Conhecido como um dos maiores estrategistas políticos da história recente do Rio Grande do Norte, Carlos Augusto Rosado admitiu estar politicamente míope. Isso mesmo. A confissão foi feita aos jornalistas Gutemberg Moura e Carlos Scarlack.

Não estava na conversa, nem sou um carlosaugustológo (especialista em especular os atos do marido da governadora), mas pelo pouco que conheço e percebo nos raros diálogos que tive com ele tenho certeza que foi a mais pura e fina ironia.
Carlos jamais admitiria a dois jornalistas que falhou.
 
Mas o fato é que ironias à parte, a declaração merece ser analisada em profundidade. Talvez ser o subconsciente do ex-deputado estadual que um dia presidiu a Assembleia Legislativa e realizou o sonho de governar o Rio Grande do Norte através do carisma da esposa.
 
Sou um ex-usuário de óculos fundo de garrafa e sei bem como é complicado ser míope. Você não consegue enxergar o que vem de longe. Vê tudo embaçado, conforme a distância, isso aumenta.
 
No caso, a miopia de Carlos Augusto foi política e administrativa.
 
Primeiro, ele ignorou a história e os fatos. Num Estado pequeno como o Rio Grande do Norte não se governa sem ter um alinhamento político com o Governo Federal. O último governador formalmente adversário do presidente da República foi monsenhor Walfredo Gurgel lá no final dos anos 1960.
 
De lá para cá todos os governadores foram aliados do poder central. Rosalba e Carlos Augusto tiveram todas as deixas para mudar de lado. Nos dois primeiros meses de 2011 eles receberam visitas de mais de dez ministros. Nunca tantos estiveram aqui em tão pouco tempo. Um grande recado ainda mais quando se estava em curso a criação de um partido, o PSD, que tinha por finalidade receber ex-integrantes da oposição, boa parte do DEM. Carlos não entendeu o recado.
 
Mais à frente ele teve a chance de ter um partido para chamar de seu em nível estadual e não saiu do DEM levando a esposa governadora a tiracolo. Ele viu o cenário de forma embaçada há um ano e não percebeu que o DEM não daria à governadora o direito de tentar a reeleição.
 
Administrativamente a miopia política ganha a companhia do termo estilo centralizador. Ao tratar o Governo do Rio Grande do Norte como a Prefeitura de Mossoró, Carlos Augusto se enrolou. 
Perdeu apoios das lideranças mais importantes do Estado e encara o isolamento político.
 
A incapacidade de não entender a mentalidade da classe trabalhadora levou o governo do DEM a bater de frente com os sindicatos aumentando o desgaste da atual gestão.
 
O profundo isolamento fez com que o rosalbismo ficasse de fora de uma eleição mesmo tendo o Governo do Estado nas mãos.
 
Mais que isso. O rosalbismo corre um sério risco de pela primeira vez ficar sem mandato. Tudo dependerá da multiplicação do único voto declarado pela governadora Rosalba Ciarlini nas eleições deste ano: no sobrinho por afinidade Betinho Segundo (PP), que tenta ser deputado federal.
 
Esses fatos mostram que a irônica miopia política de "Ravengar" pode ser encarada como algo real por quem ouviu ou leu a declaração. O líder do rosalbismo foi míope durante os últimos quatro anos.

Fonte: O Mossoroense
Por Bruno Barreto 

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