quinta-feira, 6 de novembro de 2014

COMUNISMO E BOIOLISMO 


Na década de 1960, em Fortaleza, uma célula de um partido clandestino foi sacudida por um debate que gerou mais barulho do que uma investida de tropas militares no local. Tudo por causa da pulada de cerca de um militante operário oriundo das fábricas.

Não que o camarada tenha trocado o aparelho revolucionário por algum gabinete capitalista. A questão era mais embaixo, entre as pernas de uma morena que ele andava traçando longe do olhar da esposa, abandonada por vezes ao lado dos dois filhos.

A companheira traída procurou os amigos partidários do marido e contou da angústia do abandono, da falta de recursos para o leite das crianças, gastos em noitadas de botecos e cinemas purguinhas com uma sirigaita qualquer. Ela queria uma providência urgente.

Os militantes esqueceram a revolução, deram um tempo nas preocupações com as forças repressoras do governo Costa e Silva e convocaram uma plenária para discutir a crise conjugal e a aventura sexual do companheiro de lutas. Todos compareceram.

O líder da organização marxista-leninista cearense fez um belo discurso em favor da família e do casamento e meteu o pau (ilustrativamente falando) na paixão paralela do operário, criticando a traição e fazendo comentários negativos sobre a amante morena.

O réu improvisado desnudou-se da fantasia militante, vestiu-se moralmente do macacão de trabalhador fabril e se defendeu: “pessoal, eu não traí a revolução, estou apenas comendo uma mulher gostosa. Isso aqui é um partido de comunistas ou de baitolas?”.

Agora um salto de duas décadas, em Belo Horizonte, durante a campanha de prefeito de 1985, que teve a vitória de Sérgio Ferrara (PMDB) numa virada espetacular sobre Maurício Campos (PFL). O PMDB contou com o apoio de alguns partidos de esquerda.

As duas principais legendas esquerdistas que apoiaram Ferrara foram o PCB (o velho Partidão) e o PCdoB, que tinha um candidato a vereador alto-intitulado “candidato das minorias” e que também gostava de se pintar como representante da arte alternativa.

O cara vivia nas manifestações culturais, nas performances poéticas da tradicional Praça Sete, nos shows das bandinhas de rock no histórico Edifício Maletta. E frequentava reuniões sobre direitos gays e das prostitutas. Sempre ao lado de uma bela namorada.

A moça, gostosona e bem produzida, era a antítese das feministas assanhadas e maconheiras do PT, naquele período um partido contra tudo e contra todos. Ela era figura imprescindível nos palanques durante o discurso avançadinho do namorado.

Com o perdão do involuntário trocadilho, todo apoio comunista a homossexuais é um ato oral, uma coisa da boca pra fora, como foi nos anos 1960 a relação retórica com os roqueiros, os poetas, os hippies e os artistas de teatro mambembe e cinema marginal.

E assim, todas as vezes que o candidato a vereador do PCdoB bradava pelos direitos gays e vociferava contra o preconceito, sua primeira providência no desfecho do discurso era meter o beijo na boca burguesa da loura, um código do seu machismo.

Atualmente, a esgotosfera esquerdopata anda repleta de petralhas defendendo homossexuais, mas seu real interesse é no boiolismo engajado do tipo Jean Wyllys e Zé de Abreu, figuras que querem transformar a doação traseira num ato ideológico.

Esses mesmos militantes virtuais que prestam apoio estratégico aos chamados grupos GLBT também não cansam de postar mensagens apoiando o regime político russo, o mesmo comandado por Vladimir Putin que proíbe qualquer manifestação gay no país.

Ontem, a Universidade de São Petesburgo, mandou derrubar um monumento de 2 metros que havia sido erguido em homenagem ao fundador da Apple, Steve Jobs. O motivo: o fato do presidente da empresa, Tim Cook, ter se assumido homossexual.

O grupo empresarial ZEFS (no original União Financeira Europeu-Ocidental), que financiou o projeto de um gigantesco aparelho iPhone, mandou desmontar porque o ato do presidente da Apple viola as leis russas que proíbem a propaganda homossexual.

Os hipócritas militantes petistas que passam os dias panfletando desvarios revolucionários nas redes sociais não deram um pio. Entre o direito gay na Rússia e a imagem tosca de pátria comunista, adivinhem com qual eles preferem comungar?

Por Alex Medeiros 

 

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