quarta-feira, 27 de março de 2013

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SETORES ECONÔMICOS SÃO AFETADOS 

PELA FALTA DE INVESTIMENTOS 

DA PETROBRÁS 
 
 Sindicalistas tratam em reunião sobre política adotada pela Petrobras - Marcos Lima


Representantes de sindicatos ligados direta e indiretamente ao setor petrolífero se reuniram na manhã de ontem, 26, na sede do Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte (Sindipetro-RN) em Mossoró, para discutir a problemática referente à crise enfrentada pelo segmento atualmente. A situação está afetando vários setores da economia.
 
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Mossoró (Sintracom), Ivanildo Monteiro, a crise envolvendo a política adotada pela Petrobras atualmente já está afetando os profissionais do segmento em que atua.
 
Segundo ele, cerca de 50% das empresas que compõem o sindicato estão ligadas à área petrolífera, sendo que de junho do ano passado até o último mês de janeiro foi registrada 1,5 mil demissões no Sintracom."São postos de trabalho que não serão preenchidos, pessoas com dois, três anos de empresa demitidas frequentemente, e a tendência é que essa situação se agrave cada vez mais", pontua.
 
A situação também atinge o setor de transportes. Conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Mossoró e Região (Sintrom), Francisco de Assis Medeiros, a maior parte das empresas associadas à entidade que administra é composta por prestadores de serviço à Petrobras, o que tem gerado demissões também na área dos transportes.
 
"Em 2012, foram 179 demissões, agora em 2013 já contabilizamos mais de 80 desligamentos. As empresas estão quebrando, todas estão tendo prejuízo. O que queremos é que a Petrobras assuma sua responsabilidade social, que a classe política também colabore para que essa situação seja resolvida", conclui Francisco de Assis.

Entidades formarão comissão para recepcionar a 
presidenta Dilma Rousseff durante sua visita ao RN

De acordo com o presidente do Sindipetro-RN, Pedro Idalino, a reunião resultou em dois pontos principais: a realização de um ato público, com data ainda a ser definida, e a formação de uma comissão que recepcionará a presidenta Dilma Rousseff durante sua visita ao RN, prevista para ocorrer no mês de abril.
 
"Vamos receber a presidenta Dilma, tentar discutir com ela a questão do investimento relativo à Petrobras em nosso Estado. Também promoveremos um ato público, reunindo os sindicatos que estão sendo afetados com essa crise. Do jeito que está não pode ficar. A Petrobras, a partir do marco regulatório do pré-sal, decidiu direcionar seu investimento para apenas um setor em detrimento de regiões como o Rio Grande do Norte", conta o presidente.
 
Segundo Pedro Idalino, o Sindipetro já havia alertado sobre a possibilidade de retração no segmento petrolífero há dois anos. "Se não há investimento, ocorre retração, desemprego, que hoje é uma realidade em nossa atividade, e o pior é que a própria Petrobras se nega a dar qualquer tipo de resposta sobre o assunto. Estamos fazendo um chamamento à sociedade, para enfrentarmos esse problema, que pode chegar a um nível incontrolável. Precisamos também do apoio do Poder Executivo municipal, que até agora não se pronunciou a respeito da crise", afirma Pedro, revelando que de janeiro de 2012 a fevereiro deste ano o Sindicado dos Petroleiros registrou mais de 1.130 demissões.

Fonte: O Mossoroense 

 NOTA DO BLOG:

Esse blog - já vem há bastante tempo alertando - para os problemas que o petróleo vem ocasionando para Mossoró e região, sem que o assunto, seja sequer discutido pelo poder público municipal e por aqueles que podem contribuir para reverter essa situação, que vem se agravando a cada dia.

Abaixo, reeditamos dois textos - publicados no blog - respectivamente nos dias 01 e 05 de março de 2010. 

Vamos aos textos:


O PETRÓLEO EM MOSSORÓ 



 A extração do petróleo, em qualquer parte do mundo, é sinônimo de lucros e riqueza próspera. Quando instalam-se as sondas, sejam em terra ou no mar, o clima reveste-se de euforia pela expectativa econômico-financeira que o evento provoca. 

Parece que das profundezas do solo, junto ao óleo negro e betuminoso que posteriormente gerará cifras astronômicas e incalculáveis, jorram também a ganância e o poder. E enquanto secam os poços, superlotam os cofres de quem fez opção por vasculhar a terra e explorar o povo.

Quando Mossoró apresentou os primeiros indícios de possuir petróleo (1922), acreditava-se que a cidade era um tesouro adormecido e prestes a ser descoberto. Sem dúvida o foi, mas quanto ainda estamos pagando por esse investimento! 

Não foi preciso debruçar-se em livros para perceber que Mossoró mudou, com a exploração do petróleo em suas terras. Tampouco se fez necessário ser profundo conhecedor do assunto, para detectar que a mudança tem se apresentado como aspectos inúmeros e negativos, hoje visíveis no cotidiano da sua população.

O que se tenciona é alertar para os problemas que o petróleo vem ocasionando para Mossoró, obscurecidos que estão. Mas é contra o tempo que estamos lutando. A cada dia, a cidade vem apresentando mudanças preocupantes nas mais diversas áreas (especificamente, a social, com a proliferação da violência, marginalidade, desemprego e prostituição), sem que o assunto seja sequer discutido por aqueles que podem contribuir para a melhoria ou revertimento dessa situação.

Os chamados “centros de produção do saber” que a cidade dispõe: Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN, Universidade Federal Rural do Semi Árido – UFERSA, Universidade Potiguar – UNP e a Mather Cristhi, parecem desconhecer a gravidade da questão e fingem não perceber a fundamental participação que deveriam ter nesse contexto. 

Se não bastasse a omissão das Instituições de Ensino Superior da cidade, calam-se também os representantes do poder público municipal, deixando a população à margem e esquecendo que a perpetuação dos miseráveis que o petróleo fez existir, é também e principalmente responsabilidade deles.

 O futuro que ronda nossa porta parece tão negro quanto o óleo que brota do nosso chão. É preciso devolver a Mossoró, a riqueza que lhe foi arrancada das entranhas, com a maleabilidade brutal que o poder sabe utilizar.

As marcas do progresso nunca foram tão sinistras e evidentes: exploram o nosso petróleo com o mesmo furor com que exploram o nosso povo, armazenam dólares na mesma proporção em que armazenamos dificuldades e problemas de toda espécie. O que parecia sonho tornou-se uma realidade caótica e insustentável. 

Precisamos, pois, reaprender a sonhar. Vamos à luta, pois se o petróleo é lucro, nossa força é vida, é conquista, é liberdade. “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer” – Geraldo Vandré.

 CAE



O PETRÓLEO EM MOSSORÓ: UMA 

REALIDADE OU UM SONHO!? 

Com a descoberta do petróleo no Brasil, já se percebe que há uma espécie de aura envolvendo a existência desse óleo em nosso chão. 

A exploração do “ouro negro”, no entanto, reverteu lucros e problemas para a nação brasileira. 

Para evitar que essa tarefa passasse para mãos estrangeiras, desenvolveu-se ampla campanha de nacionalização do produto, que culminou com a criação da PETROBRÁS – Petróleo Brasileiro S.A.

 Embora aparentemente o problema estivesse resolvido, os fatos mostrariam que isso não era verdade. Em cantos variados do país, o óleo ia sendo descoberto e devidamente explorado por sondas da Petrobrás.

E Mossoró também se fez visível no cenário “petrolífero” do Brasil. A extração dos primeiros barris, como era de se esperar, configurou a idealização de Mossoró como grande produtor de petróleo. A cidade, até então interiorana, tomou ares de metrópole num espaço de tempo curto e, por isso incontrolável.

Quando a Petrobrás instala-se na cidade, novos elementos passam a constar no repertório do seu cotidiano. Um cotidiano que surpreende pelas inovações que dia a dia vão se sucedendo; um cotidiano que enquanto destrói a tranqüilidade da cidade pacata que havia antes da descoberta da riqueza do seu solo, vai construindo o sonho da riqueza fácil e do reconhecimento que tirará do anonimato essa cidade esquecida nas entranhas do nordeste.

O petróleo chega com força avassaladora, tal qual jorra dos poços que perfuram pelo chão, mas traz consigo visíveis transformações para a população que habita Mossoró. 

Uma cidade que hoje se vê às volta com situações e atitudes que não sabe reverter ou enfrentar. Enquanto cresce o número de migrantes que aqui vêm em busca das melhorias de vida que o “ouro negro” suscita para as pessoas, cresce também as filas do desemprego, os índices de marginalidade e violência, além de um sem número de problemas sócio-econômicos que inviabilizam o pseudo progresso aqui desenvolvido.

É preciso desmistificar esse sonho. É preciso discutir em todas as instancias e com todas as pessoas, sobre esse vírus negro que brotou do chão e vem perfurando mentes e corações, numa corrida desenfreada em direção a um futuro que nem ao menos sabemos qual será. 

É preciso alertar a todos para os enganos que estão sendo veiculados em nome do petróleo e nos impõem à responsabilidade de administrá-los como única forma de escaparmos da miséria. 

É preciso sensibilizar as autoridades locais, que podem fazer algo a respeito, para que o façam com a certeza de estarem contribuindo para o verdadeiro desenvolvimento desta cidade. 

É preciso denunciar a irresponsabilidade dos últimos governos Estaduais e Municipais que não propiciaram as condições necessárias para que pudéssemos enfrentar esse momento, de forma mais honesta e menos agressiva.

Estamos assistindo a “invasão” de Mossoró, através do loteamento da cidade por grandes grupos que aqui estão chegando, inflacionando brutalmente o mercado imobiliário e outros, ao mesmo tempo em que viabilizam seus projetos, em detrimento dos projetos endógenos.

É preciso denunciar o descaso e a apatia de instituições como: UFERSA, UERN, ACIM e CDL, em não valorizar a importância de se discutir este momento, promovendo em ações conjuntas debates e/ou estudos sobre as perspectivas futuras para Mossoró, bem como ações que minimizem os muitos problemas que assolam este município.

É preciso, apesar de tudo e contra esses que não empreendem qualquer atitude para reverter o caos que se instala em Mossoró, divulgar o outro lado que tem a exploração do petróleo.

 É preciso descobrir que acima do petróleo e para além dos poços e sondas que ele faz existir, sobrevivem à dignidade humana e a cidadania de um povo que não se vende, nem mesmo a preço de ouro... Negro

CAE

Rui Nascimento disse... 

Realidade: para aqueles que conseguiram através dessa fonte de riqueza alcançar objetivos, aproveitando as oportunidades que lhe foram proporcionadas. 

Sonho: para quem ao longo dos anos ainda batalha para buscar seu "lugar ao sol", talvez estes não estejam aproveitado de forma correta as oportunidades criadas. 

Pesadelo: para alguns, que tiveram nas mãos tudo e mais um pouco e não souberam aproveitar, deixaram o "cavalo passar celado". 

Carlos, seu comentário é profundamente realista. 

A sociedade e as instituições precisam abrir os olhos e ter atidude. 

O petróleo pode acabar, mas Mossoró terá que continuar, com e sem ele.

 

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