SENADORA FÁTIMA BEZERRA
REAGE CONTRA A SUGESTÃO
DE PRIVATIZAR A UERN
A senadora Fátima Bezerra protestou contra a declaração do presidente
do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, Claudio Santos, que
defendeu nesta segunda-feira (31), em entrevista, a privatização da
Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (Uern), como forma de
diminuir a crise financeira que o estado atravessa. Para o
desembargador, privatizando a Uern e oferecendo bolsas aos estudantes
carentes nas faculdades, o governo economizaria R$ 20 milhões.
“Isso é um equívoco e um absurdo” – reagiu a senadora. Ela ressaltou
que embora a Constituição dê como prerrogativa à União a garantia do
ensino superior – e aos Estados o dever de assegurar o ensino médio – a
mesma legislação permite o chamado regime de complementariedade, que é
quando uma esfera de poder toma para si um dever, ainda que não seja
constitucionalmente sua obrigação. Ela lembra que o surgimento da
maioria das Universidades Estaduais se deu devido à ausência do Governo
Federal, sobretudo nos locais mais longínquos e mais carentes.
“Mesmo com o crescimento do acesso ao ensino superior via ampliação
da oferta de vagas da UFRN, a instalação de mais uma Universidade (a
antiga Esam que passou a ser Ufersa), e ainda depois da extraordinária
expansão da educação tecnológica (com os IF’s, que também oferecem o
ensino superior) é inaceitável e impensável abrir mão da Uern”,
enfatizou a senadora. “Ao contrário, temos que valorizá-la e
fortalecê-la pelo relevante papel social, afinal de contas, o déficit de
escolarização do ensino superior no Brasil ainda é muito expressivo e
mais ainda na região Nordeste”.
Ela assinalou que, pensando nisso, o Plano Nacional de Educação (PNE)
prevê para a próxima década a ampliação dos atuais 17% das matrículas
no ensino superior para 33%. “O país tem ainda uma enorme dívida do
ponto de vista da democratização do acesso ao ensino superior. Nação
nenhuma, estado nenhum pode prescindir de uma agenda para o
desenvolvimento com sustentabilidade e justiça social como a da
Educação”, completou.
Uma das principais especificidades da Uern é a interiorização dos
cursos, possibilitando que o ensino superior público chegue às
localidades mais longínquas do estado, além de manter a população em seu
próprio município. “Se um aluno que é do alto oeste, por exemplo, tem a
possibilidade de estudar Medicina em sua terra natal, a chance de este
profissional ficar por ali é grande”, enfatizou Fátima, uma das
principais defensoras da interiorização das faculdades durante os
governos do PT.
Universidade
A Uern possui 15 mil alunos, que cursam 83 cursos de graduação em
seis campi e 11 núcleos acadêmicos espalhados pelo estado. Isso sem
falar nos cursos de pós-graduação e até de doutorado. “A Uern é um dos
principais formadores de recursos humanos do estado. Falar em privatizar
uma universidade desse porte e dar bolsas para os estudantes mais
necessitados é um total desrespeito, especialmente com a população mais
carente”, ressaltou a senadora.
Fátima fez questão de lembrar também que a universidade já apresentou sua contribuição, reduzindo sensivelmente seus gastos com custeio no ano passado.
As declarações do presidente do TJ foram dadas logo após o governador
convocar os representantes do Judiciário e Legislativo, para que eles
repassassem ao estado seus excedentes orçamentários, a fim de ajudar na
solução da crise. “Sabemos que a situação do estado é grave. Atraso no
pagamento do funcionalismo público, falta de dinheiro para custear
hospitais, enfrentamos há anos a pior seca de nossa história, mas
privatizar ensino público não é a solução para reverter crise
financeira. Ao contrário, isso se constitui em um enorme retrocesso”,
argumentou Fátima Bezerra.
Para a senadora, o que os representantes do Rio Grande do Norte
precisam é cobrir do Governo Federal uma atitude de respeito e de
justiça com os estados nordestinos, do Norte e do Centro-Oeste. “Há
meses, os governadores dessas regiões peregrinam em Brasília em busca de
ajuda e o Governo ilegítimo até o presente momento tem feito ouvido de
mercador”.
Renegociação
Ela defende que o projeto de renegociação das dívidas, que atualmente
tramita no Senado e que privilegia estados mais ricos da federação,
pode ser de grande ajuda para aplacar a crise. “Defendemos que haja
compensação aos estados do NE, Norte e Centro-Oeste, sobretudo uma ajuda
emergencial de no mínimo R$ 7 bilhões, como os governadores têm
pedido”. “O Governo que nega ajuda ao Nordeste desembolsou quase R$ 3
bilhões de ajuda para o Rio de Janeiro”, acrescentou.
Em audiência a convite do Fórum dos Servidores do Estado, na
Assembleia Legislativa do RN, a senadora propôs ao presidente da Casa,
deputado Ezequiel Ferreira, que se uma aos demais representantes dos
legislativos para somar esforços. Nesse sentido, ela já formalizou
pedido de audiência com o presidente do Senado, Renan Calheiros, para
que ele receba, em audiência pública, os presidentes das Assembleias
Legislativas no Norte, NE e Centro-Oeste, em uma tentativa de encontrar
alternativas para que as unidades dessas regiões também sejam
beneficiadas no projeto de renegociação de dívidas dos estados.
Texto: Fátima Bezerra
Nenhum comentário :
Postar um comentário