terça-feira, 19 de outubro de 2010

NÃO QUERO SER IMORTAL


Mossoró, 21 de setembro de 2010
Caro Elder Eronildes da Silva
MD. Presidente da Academia Mossoroense de Letras- AMOL
Mossoró/RN

NÃO QUERO SER IMORTAL
      

Certa feita, o jornalista Wiliam Robson  ironizando a imortalidade de acadêmicos da Academia Mossoroense de Letras, chamou-os de: “Imortais enquanto vivos”. Na época achei a expressão  pesada, grosseira,  descabida. Hoje, porém,  daria razão a Wiliam Robson, muitos dos nossos” imortais” que se foram, estão quase ou completamente esquecidos, morreram antes na memória  dos  ex-confrades vivos, depois do povo. Uma das razões para isso acontecer é o longo silêncio da entidade em relação à memória de seus  membros, especialmente dos falecidos. Não  preservando-a  cai  no esquecimento, a “imortalidade” só dura no máximo até  à missa de sétimo dia.  

Poderia citar vários imortais fisicamente mortos  como também na lembrança  dos  próprios ex-confrades. No entanto, farei  referência apenas a alguns mais notórios:  Pedro Batista Melo; Jonas Reginaldo Rocha; José Otávio Pereira Lima e Damião Sabino. São alguns esquecidos. Damião Sabino, a quem tive a satisfação de conhecer. Professor de história,  a seu tempo,bastante ativo, escrevia: contos, poesia e artigos para os jornais locais: Gazeta do Oeste e O Mossoroense.  Morto em 1992, só foi ser lembrado este ano pelo fato do professor Almir Nogueira ter assumido sua cadeira na Academia. Não fora isso, estaria no mais completo esquecimento.  Nenhum de seus antigos confrades,  o lembravam em qualquer ocasião. Esse é apenas um exemplo entre tantos outros. Assim, para  as novas gerações, ele e os demais citados são ilustres desconhecidos.
  
Nesse contexto, estão também alguns ” imortais” vivos. Basta que não estejam  em evidência,  para caírem no ostracismo  acadêmico. Lembro o poeta de primeira grandeza Jomar Rego, sempre ausente dos encontros e qualquer outra atividade promovida pelos seus  confrades. José Gomes Neto, professor universitário, escritor e destacado intelectual em Santa Catarina, com obras literárias consagradas no Brasil e além mar, mas desconhecido em sua terra natal, onde nunca foi convidado para apresentar seus trabalhos em qualquer  e muito pouco eventos promovidos pela  Academia Mossoroense de Letras.
  
 A AMOL como uma das suas funções precípua,  teria a responsabilidade de resgatar esses valores, visando principalmente, à atenção das novas gerações  para a nossa cultura. Satisfaz-se modorrentamente com representações pomposas em eventos sociais ou festivos.  E pronto. Silenciou até em relação desomenagem a Raimundo Nonato, um dos expoentes da literatura mossoroente e potiguar, quando o largo que tinha seu nome foi desmanchado, perdeu  a denominação original e passou a se  chamar largo da Cobal. Nem em 2008, ano do centenário do grande escritor, a AMOL se pronunciou a respeito do assunto.
   
 Por essa e mais outras, é que desde a década de 90. Tenho sido convidado a ser membro da AMOL, mas relutava aceitar ou não a honraria. O saudoso Vingt-un Rosado  foi o primeiro a fazê-lo. Naquele momento, aquiescei de imediato, pelo respeito e amizade que eu tinha pelo mestre.  Na época pelas informações que me foram passadas, existiam  apenas duas vagas disponíveis e além de mim, apareceram mais dois candidatos  disputando-as: Filemon Pimenta e João Bosco Queiroz. Para evitar qualquer conflito, o professor Vingt-un, veio falar se eu desistiria de concorrer,  respondi-lhe que não havia nenhum problema. Vingt-un na ocasião até disse uma coisa engraçada, - “Olhe Rubens, na AMOL sempre surge vaga, você pode até ocupar a minha própria”,- “que isso professor, o senhor tem de viver muitos anos é o meu desejo, ponderei”.
    
 Passado algum tempo, surgiu outra vaga na academia, novamente meu nome foi apresentado, contudo, Vingt-un havia sugerido o  de Crispiniano Neto. Dessa vez quem veio falar comigo para eu ceder o lugar, foi o professor Wilson Bezerra de Moura, segundo ele, era  uma questão política,  Crispiniano  ser a bola da vez. Novamente  concordei  com minha exclusão, afinal, não tinha nem tenho vaidade de ser “imortal”, nem queria  ser empecilho para a AMOL resolver seus problemas. No  final do ano passado, o atual presidente, o amigo  Elder Heronildes da Silva, veio a mim e diz que meu nome tinha sido mais uma vez lembrado  para assumir uma cadeira na academia, mas como de praxe, eu tinha de fazer  um requerimento solicitando meu ingresso. Fiz o tal  documento e o entreguei. Restava agora, aguardar o comunicado de Elder, marcando o dia da posse, etc e tal. O certo é que, até hoje, nem o presidente nem qualquer outro membro da diretoria da AMOL, veio me dizer nada a respeito do assunto. E, para minha surpresa, já deram posse a dois novos membros: Geraldo Maia do Nascimento, pesquisador, Almir Nogueira, diretor da Biblioteca Municipal Ney Pontes Duarte. Observação, não fui convidado para nenhuma das duas posses anunciadas. Depois soube que brevemente será empossado outro membro na referida academia.  
   
 Cheguei à conclusão, ser a AMOL, uma instituição muito seletiva em suas intoleráveis conveniências.  Assim sendo, definitivamente desisto de ser “imortal” da academia mossoronese.
   
 Obrigado amigos: Elder Heronildes da Silva, obrigado Wilson Bezerra de Moura e Filemon Pimenta. Para minha  alegria, deixem-me onde estou  e assim fico satisfeito.

Rubens Coelho
Jornalista e escritor  

MEU CARO RUBENS COELHO 

 
Meu caro Rubens Coelho, parabéns pela digna e corajosa decisão tomada em relação a não se tornar um "Imortal Vivo".
 
Essa seletividade que vc citou, ela não habita somente a AMOL, é um vírus que está entranhado em quase todas as instituições culturais de Mossoró. 

No ICOP principalmente, agora com essa nova direção. 

Tive folheando as duas últimas revistas editadas pela instituição que infelizmente faço parte e reparei na discriminação que esse instituto reserva para certas figuras de nossa poesia local, é extranhamente revoltante.

Lembro agora das palavras de um cafajeste lá de Natal, que se diz escritor e editor de livros, num episódio onde um reporter o perguntou sobre os poetas da nossa terra, citando o excelente poeta Marcos Ferreira e ele prontamente respondeu; "em Mossoró só existe um poeta, o cordelista Antônio Francisco, o resto é enfeite de bolo.

Sabe quantos intelectuais se apresentaram para defender Marcos Ferreira..........não tenho conhecimento de nenhum, se escreveram eu nunca vi, nunca li, nunca soube, aliás quem deve responder a isso é o próprio Marcos. 

Sei perfeitamente que Marcos nessa época extravazou os limites da incenssatez, divulgando e publicando artigos contra politicos locais que de certa forma feriram até mesmo seus familiares, mas isso, tudo isso existiu algúem e algumas pessoas por traz dando corda e força para Marcos e na "hora H" nenhum deles saiu em defesa, sequer para tentar livrár-lo desse futuro ostracismo.
 
 Lembra-se Rubens de uma pretensão nossa (rOgério, Rubens, Caio e outros) de realizar na TCM10 um programa voltado para cultura, e que o nosso maior obstáculo era o "Dinheiro"???..quem está em nosso lugar hoje na TCM10??.....lembra-se meu Caro Rubens de jornalecozinho (as palavras não são minhas) que circulava ali pras bandas do Santo Antônio, e cujo editor era um garoto chamado Mário Gerson, e que essa mesma figura que ocupou o nosso lugar no pretenso programa da TCM10, comprou esse importante jornalzinho somente com o intúito de fechá-lo, e fechou, acabou, estiguiu da nossa fauna cultural-noticiosa.
 
Não irei falar detalhes sobre a revista Papangu, mas essa queda que a resvista está passando, tenho certeza que não é o verdaeiro "Zorro" com certeza é um Zorro com outro tipo de máscara, mas é a mesma figura mascarada, que provavelmente quis comprar ou sei lá, se tornar um de seus editores sócios  e o Túlio não aceitando, está sofrendo os efeitos do dinheiro, da grana fácil e do prestigio que o "Zorro" possui na nossa comunidade. 

Adianto que pessoalmente não tenho nada contra o "Zorro"..até porque existem centenas de Zorros em nossa cidade, o difícil é saber qual deles usa da boa intenção. 

Eu por exemplo aqui-acolá recebo uma chicotada, e quando olho é um "Zorro" de plantão me chicoteando pelas costas. 

Felizmente Rubens eu sou um macaco muito velho e ainda apesar dos 68 anos ainda estou conseguindo escolher um galho que não me ofereça perigo na queda ou no salto. 

Pra terminar eu diria ainda; na época em que eu estava no Chap-Chap, eu cansei de pedir, de sinalizar para os Zorros, fazendo ver a eles que o meu proposito naquela pequena célula cultural que criei era apenas um objetivo "cultural", não havia ningúem com a intenção de desmascará-los, mas também não estava me dispondo a oferecer as minhas estreitas costas pra que eles me chicoteassem traiçoeiramente como sempre fazem.
 
Parabéns meu caríssimo Rubens Coelho, vc agiu muito bem. 

rOgério 

Enviado por Rogério Dias





Um comentário :

Anônimo disse...

Quem é esse Rubens Coelho?