terça-feira, 22 de junho de 2010

ESCRAVOS DA PRODUTIVIDADE

Por João Luis de Almeida Machado

A vida que levamos está nos matando. Corremos riscos no trânsito. Deixamos os nossos corações a ponto de explodir a qualquer momento. Não nos preocupamos mais com as outras pessoas, apenas com as obrigações e compromissos. Não curtimos nem mesmo os doces prazeres da vida, aqueles que tanto prezamos, como por exemplo: Assistir a um bom filme, escutar música com tranqüilidade ou mesmo deitar numa rede e ler um livro agradável e interessante. Viramos escravos de uma produtividade que tem que ser cada vez maior...

Percebo isso em vários espaços, especialmente em locais de trabalho. Em inúmeras oportunidades todos parecem tão absorvidos pelo que estão fazendo que nem se dão conta dos demais. As telas dos computadores estão a nos direcionar com tal força os olhares e as energias, que não há, sequer, tempo para os cordiais cumprimentos. Com tantos afazeres, nem podemos pensar, refletir, aprofundar o nosso modo de ver as coisas, de entender o mundo...

Nem mesmo a velocidade que nos traga a cada momento é motivo de pensamento, o que nos leva cada vez mais para o olho do furacão. A malemolência do baiano faz-se necessária, o ócio produtivo dos gregos antigos é uma fórmula que não pode ser esquecida jamais...

Não quero chegar ao fim dos meus dias com a impressão de que vivi apenas para bater cartão, cumprir horários, fazer relatórios ou corrigir provas. As estatísticas e o trabalho são partes importantes de nossas vidas, mas estamos nos esquecendo do que realmente é primordial, ou seja, a relação que criamos com o mundo ao nosso redor e que pode nos levar a felicidade ou a melancolia, ao êxtase ou ao fracasso, as vitórias ou as fragorosas derrotas...

E onde estão as vitórias e as derrotas? Na forma como lidamos com as pessoas, dando ou não a cada uma delas o devido respeito, companheirismo, amizade, risos, atenção, palavras,... Apesar de estar rodeado de pessoas, às vezes percebo que muitos se sentem tão sós e percebo com clareza as mensagens do filme "Crash", que alardeiam a idéia de que estamos apenas esbarrando um nos outros, sem realmente nos perceber, sem nos fazer sentir, sem realmente viver como deveríamos...
Fonte: Site do Prof. João Luis de Almeida Machado

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