sexta-feira, 3 de outubro de 2014

AÉCIO SE DESTACA E MARINA TEM 

DIFICULDADES EM DEBATE DA GLOBO


Depois de recuperar pontos percentuais e empatar tecnicamente com Marina Silva (PSB) nas pesquisas de intenção de voto, o candidato do PSDB, Aécio Neves, se destacou no último debate presidencial antes do primeiro turno das eleições, transmitido pela TV Globo na noite desta quinta-feira 3. Aparentando estar tranquilo, o tucano estava desenvolto, usou corretamente o tempo para perguntas e respostas e conseguiu atacar os adversários. Marina Silva, em contrapartida, aparentou cansaço, tentou responder duas vezes depois do tempo esgotado e teve dificuldades nos confrontos diretos.

Os momentos de maior tensão, envolvendo os candidatos mais bem colocados nas pesquisas, foram protagonizados por Aécio e a presidenta e candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff. Em uma dessas oportunidades, Aécio conseguiu reverter as críticas da petista, que lembrou o alto índice da inflação registrado na época em que o PSDB estava à frente do governo federal. O tucano rebateu ao argumentar que o seu partido assumiu à Presidência com inflação a 900% por ano e devolveu com pouco mais de 7%. “Nem a competência do seu marqueitero João Santana é capaz de reescrever a história”, cutucou ao final.

Contra Marina Silva, o tucano se destacou na questão dos direitos dos trabalhadores. Ao perguntar se a candidata do PSB vai manter os benefícios conquistados pela classe trabalhadora, Aécio foi criticado mas lembrou que a ex-ministra do Meio Ambiente costuma mudar de opinião. “Candidata, não bote palavras na minha boca, aqui quem muda de opinião é você”, em referência às mudanças que Marina fez no próprio plano de governo após pressão de setores religiosos.

Além disso, Aécio usou uma das principais bandeiras do PT a seu favor em embate direto com Dilma. Isso porque a presidenta perguntou o que o candidato do PSDB pensava do Minha Casa Minha Vida e ironizou o tucano: “Talvez você não conheça o Minha Casa, Minha Vida”. Mas o ex-governador de Minas Gerais devolveu a crítica e prometeu melhorar o programa para atender as famílias que recebem até três salários mínimos, justamente a faixa salarial que o programa tem mais dificuldade de atender. “Quem não conhece o programa então é você. O déficit é principalmente na faixa de 0 a 3 salários mínimos”, emendou.

Por fim, o candidato do PSDB ainda se beneficiou de uma dobradinha que fez com o candidato do PSC, Pastor Everaldo. Os dois tiveram réplica e tréplica para criticar com tranquilidade a gestão de estatais pelo PT. Everaldo questionou Aécio sobre a gestão de empresas que teria sido "aparelhadas pelo PT". Aécio, por sua vez, dizem que elas foram tomadas pela "mão do partido".

Marina Silva, por sua vez, esteve vacilante. Ela reapresentou propostas como entregar um projeto de reforma tributária no primeiro mês de mandato, mas não conseguiu encurralar seus concorrentes. Em uma das oportunidades que teve para questionar Dilma Rousseff, Marina fez uma pergunta genérica, sobre o não cumprimento de propostas feitas em 2010, e deu espaço para a petista falar de seu governo. Ao sair de sua estratégia comum de "pacifismo" e atacar a falta de experiência de Dilma, que "nunca foi nem vereadora", Marina recebeu uma dura resposta. Segundo Dilma, era uma contradição ela fazer aquela crítica, uma vez que defende a "nova política", que deveria pressupor a entrada em cargos eletivos de pessoas "novatas".
Levy Fidelix e a homofobia

O debate da TV Globo também foi palco para um assunto que começou no encontra anterior, quando os candidatos discutiram as melhores propostas na TV Record. Na ocasião, o candidato do PRTB, Levy Fidelix defendeu o “combate à minoria” de homossexuais. A declaração fez o candidato do PV, Eduardo Jorge, e a candidata do PSOL, Luciana Genro, acionarem durante a semana o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que Fidelix tenha sua candidatura cassada, em razão dos comentários homofóbicos. Em função disso, na primeira oportunidade que teve, Eduardo Jorge questionou Fidelix sobre o assunto e “deu a oportunidade dele se desculpar”.

“O senhor extrapolou todos os limites e com sua fala agrediu a população LGBT. Eu proponho que o senhor peça perdão ao povo brasileiro”, disse Jorge. Mas o candidato do PRTB não gostou da colocação e subiu o tom. “O senhor não tem moral nenhuma. Você acima de tudo propõe que o jovem consuma maconha. Faz apologia ao crime. Eu apenas e tão somente segui a Constituição Federal", disse.

O tema voltou quando Fidelix teve de perguntar para Luciana Genro. Fidelix atacou aspectos pessoas da vida da candidata. “A senhora esteve em Cuba, na Venezuela. Eu me informei sobre você antes de vir para cá”, mencionou. Luciana, desta vez, não perdeu a oportunidade de reprender o candidato. “O seu discurso de ódio é o mesmo dos nazistas contra os judeus. Infelizmente a homofobia não é crime porque tu deveria ter saído algemado pra prisão”, concluiu.

Fonte: CartaCapital
Foto: Ichiro Guerra 

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