AÉCIO SE DESTACA E MARINA TEM
DIFICULDADES EM DEBATE DA GLOBO
Depois de recuperar pontos percentuais e empatar tecnicamente
com Marina Silva (PSB) nas pesquisas de intenção de voto, o candidato do
PSDB, Aécio Neves, se destacou no último debate presidencial antes do
primeiro turno das eleições, transmitido pela TV Globo na noite desta
quinta-feira 3. Aparentando estar tranquilo, o tucano estava desenvolto,
usou corretamente o tempo para perguntas e respostas e conseguiu atacar
os adversários. Marina Silva, em contrapartida, aparentou cansaço,
tentou responder duas vezes depois do tempo esgotado e teve dificuldades
nos confrontos diretos.
Os momentos de maior tensão, envolvendo os candidatos mais bem
colocados nas pesquisas, foram protagonizados por Aécio e a presidenta e
candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff. Em uma dessas
oportunidades, Aécio conseguiu reverter as críticas da petista, que
lembrou o alto índice da inflação registrado na época em que o PSDB
estava à frente do governo federal. O tucano rebateu ao argumentar que o
seu partido assumiu à Presidência com inflação a 900% por ano e
devolveu com pouco mais de 7%. “Nem a competência do seu marqueitero
João Santana é capaz de reescrever a história”, cutucou ao final.
Contra Marina Silva, o tucano se destacou na questão dos direitos dos
trabalhadores. Ao perguntar se a candidata do PSB vai manter os
benefícios conquistados pela classe trabalhadora, Aécio foi criticado
mas lembrou que a ex-ministra do Meio Ambiente costuma mudar de opinião.
“Candidata, não bote palavras na minha boca, aqui quem muda de opinião é
você”, em referência às mudanças que Marina fez no próprio plano de
governo após pressão de setores religiosos.
Além disso, Aécio usou uma das principais bandeiras do PT a seu favor
em embate direto com Dilma. Isso porque a presidenta perguntou o que o
candidato do PSDB pensava do Minha Casa Minha Vida e ironizou o tucano:
“Talvez você não conheça o Minha Casa, Minha Vida”. Mas o ex-governador
de Minas Gerais devolveu a crítica e prometeu melhorar o programa para
atender as famílias que recebem até três salários mínimos, justamente a
faixa salarial que o programa tem mais dificuldade de atender. “Quem não
conhece o programa então é você. O déficit é principalmente na faixa de
0 a 3 salários mínimos”, emendou.
Por fim, o candidato do PSDB ainda se beneficiou de uma dobradinha
que fez com o candidato do PSC, Pastor Everaldo. Os dois tiveram réplica
e tréplica para criticar com tranquilidade a gestão de estatais pelo
PT. Everaldo questionou Aécio sobre a gestão de empresas que teria sido
"aparelhadas pelo PT". Aécio, por sua vez, dizem que elas foram tomadas
pela "mão do partido".
Marina Silva, por sua vez, esteve vacilante. Ela reapresentou
propostas como entregar um projeto de reforma tributária no primeiro mês
de mandato, mas não conseguiu encurralar seus concorrentes. Em uma das
oportunidades que teve para questionar Dilma Rousseff, Marina fez uma
pergunta genérica, sobre o não cumprimento de propostas feitas em 2010, e
deu espaço para a petista falar de seu governo. Ao sair de sua
estratégia comum de "pacifismo" e atacar a falta de experiência de
Dilma, que "nunca foi nem vereadora", Marina recebeu uma dura resposta.
Segundo Dilma, era uma contradição ela fazer aquela crítica, uma vez que
defende a "nova política", que deveria pressupor a entrada em cargos
eletivos de pessoas "novatas".
Levy Fidelix e a homofobia
O debate da TV Globo também foi palco para um assunto que começou no
encontra anterior, quando os candidatos discutiram as melhores propostas
na TV Record. Na ocasião, o candidato do PRTB, Levy Fidelix defendeu o
“combate à minoria” de homossexuais. A declaração fez o candidato do PV,
Eduardo Jorge, e a candidata do PSOL, Luciana Genro, acionarem durante a
semana o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que Fidelix tenha sua
candidatura cassada, em razão dos comentários homofóbicos. Em função
disso, na primeira oportunidade que teve, Eduardo Jorge questionou
Fidelix sobre o assunto e “deu a oportunidade dele se desculpar”.
“O senhor extrapolou todos os limites e com sua fala agrediu a
população LGBT. Eu proponho que o senhor peça perdão ao povo
brasileiro”, disse Jorge. Mas o candidato do PRTB não gostou da
colocação e subiu o tom. “O senhor não tem moral nenhuma. Você acima de
tudo propõe que o jovem consuma maconha. Faz apologia ao crime. Eu
apenas e tão somente segui a Constituição Federal", disse.
O tema voltou quando Fidelix teve de perguntar para Luciana Genro.
Fidelix atacou aspectos pessoas da vida da candidata. “A senhora esteve
em Cuba, na Venezuela. Eu me informei sobre você antes de vir para cá”,
mencionou. Luciana, desta vez, não perdeu a oportunidade de reprender o
candidato. “O seu discurso de ódio é o mesmo dos nazistas contra os
judeus. Infelizmente a homofobia não é crime porque tu deveria ter saído
algemado pra prisão”, concluiu.
Fonte: CartaCapital
Foto: Ichiro Guerra
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